segunda-feira, 20 de junho de 2011
Início das obras da Arena das Dunas; ou, A Morte do Castelão
Esta semana foram iniciadas as obras de construção do estádio Arena das Dunas, em Natal. O novo parque será instalado no local que hoje abriga o ginásio poliesportivo do Machadinho e o estádio Machadão - o Castelão que ainda domina a minha memória vocal, por assim dizer.
Orçado inicialmente em R$ 400 milhões, o que deve chegar fácil aos 800 até o final (alguns olhinhos brilham com a perspectiva do Bi), o novo estádio nascerá marcado pela afronta lógica em se trocar duas estruturas perfeitamente funcionais para o esporte do estado por apenas uma; é bem verdade que será adequada ao padrão FIFA nos dois ou três jogos da Copa (se ela vier), mas a que nos servirá esta fantástica característica após julho de 2014? Para receber os 34 torcedores de Alecrim e Baraúnas? Lembra-me aquela história de um erudito que durante uma festa alardeava sua fluência em latim e não resistiu à ironia de um impertinente: "mas o professor é fluente em latim com que quem, mesmo?".
Há também a afronta à moral, se é que se pode esperar isto da classe política nestes dias, consistente em uma despesa deste vulto ser realizada com dinheiro público num estado que hoje faz leilões de créditos junto a fornecedores, não paga salários de novos médicos há oito meses e é incapaz de nomear policiais e soldados concursados por problemas de caixa. Um claro caso em que se falseia despudoradamente a realidade.
Sendo este o custo da modernização e dos holofotes que a FIFA nos impôs, aceito de bom grado pelo populismo dos governantes e pelas ilusões de grandeza dos governados, que estejamos pelo menos cientes de que as afrontas à razão e à realidade cobram seu preço mais cedo do que se imagina.
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