segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Discurso na instalação da paróquia de Marcelino Vieira

 

http://www.folhaemdia.com/2011/03/50-anos-da-paroquia-de-santo-antonio.html

terça-feira, 1 de março de 2011

50 anos da paróquia de Santo Antônio: Folha em Dia publica discurso proferido na solenidade de instalação da Paróquia

O email de contatos do Folha em Dia tem nos servido, muito grandemente, para pautar nossas matérias e para estreitar os laços com o nosso webleitor. Na semana passada ecebemos um email de Licurgo Nunes Quarto, leitor assíduo da nossa Folha, e que nos enviou um documento muito importante que merece ser publicado para os vieirenses.

Na oportunidade do Jubileu de Ouro da Paróquia de Santo Antônio, Licurgo Nunes Quarto nos envia a cópia do discurso proferido pelo Desembargador Licurgo Nunes na solenidade de instalação desta paróquia. A solenidade foi presidida por Dom Gentil Diniz Barreto, Bispo Diocesano.

À época foi formada uma comissão composta de cidadãos notáveis da Cidade, e o Desembargador Licurgo Nunes era o Presidente da referida comissão.

Diante das festividades celebradas esse ano pela paróquia, o ineditismo deste documento vem compor o acervo de registros históricos de um momento tão importante, que se confunde com a história de nossa gente vieirense. 

O Folha em Dia agradece a participação do nosso leitor. E se mantém a disposição de todos.

Vamos ao email:

Caríssima Jornalista e blogueira

IVANÚCIA LOPES

Desnecessário dizer que sou leitor assíduo do seu blog, pois isto eu já o disse de outra feita em que a você me dirigi. O blog continua muito bom, sem se falar no deleite de, ao acessá-lo,  tomar conhecimento das coisas e fatos que acontecem na nossa terrinha.

A propósito de uma notícia que você postou sobre o “Cinqüentenário da criação da Paróquia de Santo Antonio”, estou enviando – e você dê o destino que melhor lhe aprouver –  cópia do discurso proferido pelo Desembargador Licurgo Nunes, quando da solenidade, presidida por Dom Gentil Diniz Barreto – Bispo Diocesano à época -  de instalação da supra citada Paróquia.  Creio tratar-se de um documento  raro, inédito, que, com certeza, irá  contribuir para preservar, para a posteridade, e para as gerações futuras, um pouco da história da Paróquia de Santo Antonio.

À época foi formada uma comissão composta de cidadãos notáveis da Cidade, e o Desembargador Licurgo Nunes era o Presidente da referida comissão.

Junto à cópia do discurso, segue a relação dos componentes da comissão a que me referi anteriormente.

Fica o registro.

Abraços,

Licurgo Nunes Quarto

DISCURSO PROFERIDO PELO DESEMBARGADOR LICURGO NUNES, QUANDO DA INSTALAÇÃO DA PARÓQUIA DE MARCELINO VIEIRA:

Padeço de acentuada responsabilidade neste mister a mim cometido – traduzir – interpretar os sentimentos de gratidão dos habitantes e dos concidadãos deste Município de Marcelino Vieira – face ao dadivoso Decreto Episcopal instituinte da nossa Paróquia.

Preliminarmente invoco condescendência – peço vênia – em cobertura de conceitos emissíveis acaso desarrazoados – ou pertinazes – por culpa dos meus frágeis conhecimentos teológicos – eis que falando estou aos príncipes da nossa Santa amada Igreja.

Sr. Bispo Diocesano

Nossos concidadãos daqui pleitearam, sofregamente, perante V. Excia., a criação da Paróquia, antes de  a eles vir a Diocese neste sentido.

Sei por que isto.

A Diocese nem enxergava possibilidade financeira da população, nem se atreveria mais a submeter um Pároco às privações ambientes de uma Paróquia desrecursada.

Entanto, o ideal, que era antigo, venceu,  como afinal vencem todas as justas aspirações da humanidade, quando equacionadas sob força de vontade, persistência e fé.

O fruto é colhido hoje, na sede da semeadura, como natural.

Conseguimos adquirir os subsídios necessários à formação do patrimônio assecuratório da subsistência de um Vigário à nova Paróquia. Todos neste Município, com poucas exceções, se mostraram concorrentes àquela consecução. Arrecadação líquida de Cr$ 621.191,00.

Do patrimônio adquirido, resultará assegurada ao Padre uma mensalidade de Cr$ 12.000,00.

Se não é muito, todavia será algo, mais até do que dispõem outras Paróquias antigas.

Sr. Bispo Dom Gentil Diniz Barreto

Sempre reputei da maior indispensabilidade – de importância inigualável – a presença – a existência – de um Padre, mesmo nos menores núcleos populacionais.

Aqui, exercera a sua eficiente e devotada pastoreação – às suas periódicas visitações – durante o seu já vintenário paroquiato em Pau dos Ferros – S. Excia o  Cônego Manoel Caminha Freire – esse magnífico serventuário do catolicismo – condutor espiritual dos mais aprimorados – inteligência lúcida – cultura privilegiada – artífice das mais deslumbrantes realizações do apostolado cristão, cedido do Ceará – a princípio deshumurado, saudoso, recalcitrante – mas depois e atualmente radicado como qualquer nativo intransigente – pleno de amor terreal, dedicado amigo de tudo e de todos – incapaz de ir-se – no que aliás não consentiríamos.

A esse grande Sacerdote ora rendo o preito de gratidão dos seus ex-paroquianos, concedendo-lhe o exercitamento do seu direito de opção, que receberíamos de bom grado.

Sr. Bispo Diocesano

Reportava-me à necessidade da permanência de um Padre à localidade.

O papel desempenhado por ele só pode ser descrito por mais bela e delicada imagem. É o mestre de rudimentos em todos os setores – o catequista – o confidente – o guia espiritual – o apaziguador – o condutor social, e o líder das massas, na boa termologia, no bom sentido, liderança de que a Igreja precisa hoje mais do que nunca.

O bom Padre – e praza  aos Céus o tenhamos logo de partida – assumindo os afazeres de uma Paróquia nova – num Município assim ainda desprovido – pode modular os caracteres – a mentalidade dos seus pastoreados, num trabalho quer do tênue e quer do cerne.

Crianças, adolescentes e adultos aqui existem carentes de luzes e sedentos do catolicismo.

Nesses alicerces, erguem-se a verdade e a justiça – pressupostos basilares da família de Deus – da fraternidade  em Cristo.

A doutrina comunista, porém, se propõe a solução semelhante, entanto por intermédio da luta de classe, mediante disputas, dissídios e ódio.

Pretendendo estabelecer paralelo – o Comunismo por esse método diverso procura, em vão, imitar certos dogmas católicos – exatos pioneiros da   coexistência social.

Já o Apóstolo São Paulo – mostrava a necessidade do trabalho para a subsistência individual de cada um: - “quem não quiser trabalhar não tem o direito de comer”.

Já a Rerum novarum ( Encíclica de Leão XIII – de 15/05/1891) – previa hipóteses e disciplinava normas dessa coexistência – necessária e pacífica. .

Remontando-se o Sertão da Montanha então – eis o maior repositório de doutrinas sociais em tese – muito mais consentâneas de que o Manifesto comunista de Marx.

As profundas transformações sociais, introduzidas pela Igreja Católica – por meios suasórios profíquos, é certamente o que enfurece ao Buchevismo, a respeito retardatário.

E a conseqüência vem sendo a sua fúria desenfreada sobre a Igreja.

Sempre que oportuno o sacrifício como vindita, os Padres católicos são as vítimas indefesas da sua tirania inominável.

A Igreja e a hodierna concepção dos tempos conciliam-se perfeitamente, na base da Filosofia de que se impregnar possa o homem possuído do puro instinto cristão, como pondera Jacquis Maritan.

Sr. Bispo Diocesano

Dom Gentil Diniz

Reverentes – aqui estão os cidadãos desta nova Paróquia – prestando a V. Excia a sua justa homenagem de gratidão – pelas messes colhidas da generosidade e da atenção com que por V. Excia foram tratados e resolvidos os problemas atinentes à criação desta Paróquia. Deus compensará a quem difundir os seus princípios e ampliar a sua Igreja.

É a mensagem de paz – candura e amor.

E o alvo é V. Excia.

Tenho dito.

Desembargador Licurgo Nunes

COMPONENTES DA COMISSÃO ENCARREGADA DE VIABILIZAR A INSTALAÇÃO DA PARÓQUIA DE MARCELINO VIEIRA:

Desembargador Licurgo Nunes

Pedro Nonato Fernandes

José Medeiros de Andrade

Manoel Vicente de Oliveira

José de Calazans Fernandes

Osmundo Alvarenga

Vicente Lopes Fernandes

Lupecínio Fernandes Queiróz