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terça-feira, 1 de março de 2011
50 anos da paróquia de Santo Antônio: Folha em Dia publica discurso proferido na solenidade de instalação da Paróquia
O email de contatos do Folha em Dia tem nos servido, muito grandemente, para pautar nossas matérias e para estreitar os laços com o nosso webleitor. Na semana passada ecebemos um email de Licurgo Nunes Quarto, leitor assíduo da nossa Folha, e que nos enviou um documento muito importante que merece ser publicado para os vieirenses.
Na oportunidade do Jubileu de Ouro da Paróquia de Santo Antônio, Licurgo Nunes Quarto nos envia a cópia do discurso proferido pelo Desembargador Licurgo Nunes na solenidade de instalação desta paróquia. A solenidade foi presidida por Dom Gentil Diniz Barreto, Bispo Diocesano.
À época foi formada uma comissão composta de cidadãos notáveis da Cidade, e o Desembargador Licurgo Nunes era o Presidente da referida comissão.
Diante das festividades celebradas esse ano pela paróquia, o ineditismo deste documento vem compor o acervo de registros históricos de um momento tão importante, que se confunde com a história de nossa gente vieirense.
O Folha em Dia agradece a participação do nosso leitor. E se mantém a disposição de todos.
Vamos ao email:
Caríssima Jornalista e blogueira
IVANÚCIA LOPES
Desnecessário dizer que sou leitor assíduo do seu blog, pois isto eu já o disse de outra feita em que a você me dirigi. O blog continua muito bom, sem se falar no deleite de, ao acessá-lo, tomar conhecimento das coisas e fatos que acontecem na nossa terrinha.
A propósito de uma notícia que você postou sobre o “Cinqüentenário da criação da Paróquia de Santo Antonio”, estou enviando – e você dê o destino que melhor lhe aprouver – cópia do discurso proferido pelo Desembargador Licurgo Nunes, quando da solenidade, presidida por Dom Gentil Diniz Barreto – Bispo Diocesano à época - de instalação da supra citada Paróquia. Creio tratar-se de um documento raro, inédito, que, com certeza, irá contribuir para preservar, para a posteridade, e para as gerações futuras, um pouco da história da Paróquia de Santo Antonio.
À época foi formada uma comissão composta de cidadãos notáveis da Cidade, e o Desembargador Licurgo Nunes era o Presidente da referida comissão.
Junto à cópia do discurso, segue a relação dos componentes da comissão a que me referi anteriormente.
Fica o registro.
Abraços,
Licurgo Nunes Quarto
DISCURSO PROFERIDO PELO DESEMBARGADOR LICURGO NUNES, QUANDO DA INSTALAÇÃO DA PARÓQUIA DE MARCELINO VIEIRA:
Padeço de acentuada responsabilidade neste mister a mim cometido – traduzir – interpretar os sentimentos de gratidão dos habitantes e dos concidadãos deste Município de Marcelino Vieira – face ao dadivoso Decreto Episcopal instituinte da nossa Paróquia.
Preliminarmente invoco condescendência – peço vênia – em cobertura de conceitos emissíveis acaso desarrazoados – ou pertinazes – por culpa dos meus frágeis conhecimentos teológicos – eis que falando estou aos príncipes da nossa Santa amada Igreja.
Sr. Bispo Diocesano
Nossos concidadãos daqui pleitearam, sofregamente, perante V. Excia., a criação da Paróquia, antes de a eles vir a Diocese neste sentido.
Sei por que isto.
A Diocese nem enxergava possibilidade financeira da população, nem se atreveria mais a submeter um Pároco às privações ambientes de uma Paróquia desrecursada.
Entanto, o ideal, que era antigo, venceu, como afinal vencem todas as justas aspirações da humanidade, quando equacionadas sob força de vontade, persistência e fé.
O fruto é colhido hoje, na sede da semeadura, como natural.
Conseguimos adquirir os subsídios necessários à formação do patrimônio assecuratório da subsistência de um Vigário à nova Paróquia. Todos neste Município, com poucas exceções, se mostraram concorrentes àquela consecução. Arrecadação líquida de Cr$ 621.191,00.
Do patrimônio adquirido, resultará assegurada ao Padre uma mensalidade de Cr$ 12.000,00.
Se não é muito, todavia será algo, mais até do que dispõem outras Paróquias antigas.
Sr. Bispo Dom Gentil Diniz Barreto
Sempre reputei da maior indispensabilidade – de importância inigualável – a presença – a existência – de um Padre, mesmo nos menores núcleos populacionais.
Aqui, exercera a sua eficiente e devotada pastoreação – às suas periódicas visitações – durante o seu já vintenário paroquiato em Pau dos Ferros – S. Excia o Cônego Manoel Caminha Freire – esse magnífico serventuário do catolicismo – condutor espiritual dos mais aprimorados – inteligência lúcida – cultura privilegiada – artífice das mais deslumbrantes realizações do apostolado cristão, cedido do Ceará – a princípio deshumurado, saudoso, recalcitrante – mas depois e atualmente radicado como qualquer nativo intransigente – pleno de amor terreal, dedicado amigo de tudo e de todos – incapaz de ir-se – no que aliás não consentiríamos.
A esse grande Sacerdote ora rendo o preito de gratidão dos seus ex-paroquianos, concedendo-lhe o exercitamento do seu direito de opção, que receberíamos de bom grado.
Sr. Bispo Diocesano
Reportava-me à necessidade da permanência de um Padre à localidade.
O papel desempenhado por ele só pode ser descrito por mais bela e delicada imagem. É o mestre de rudimentos em todos os setores – o catequista – o confidente – o guia espiritual – o apaziguador – o condutor social, e o líder das massas, na boa termologia, no bom sentido, liderança de que a Igreja precisa hoje mais do que nunca.
O bom Padre – e praza aos Céus o tenhamos logo de partida – assumindo os afazeres de uma Paróquia nova – num Município assim ainda desprovido – pode modular os caracteres – a mentalidade dos seus pastoreados, num trabalho quer do tênue e quer do cerne.
Crianças, adolescentes e adultos aqui existem carentes de luzes e sedentos do catolicismo.
Nesses alicerces, erguem-se a verdade e a justiça – pressupostos basilares da família de Deus – da fraternidade em Cristo.
A doutrina comunista, porém, se propõe a solução semelhante, entanto por intermédio da luta de classe, mediante disputas, dissídios e ódio.
Pretendendo estabelecer paralelo – o Comunismo por esse método diverso procura, em vão, imitar certos dogmas católicos – exatos pioneiros da coexistência social.
Já o Apóstolo São Paulo – mostrava a necessidade do trabalho para a subsistência individual de cada um: - “quem não quiser trabalhar não tem o direito de comer”.
Já a Rerum novarum ( Encíclica de Leão XIII – de 15/05/1891) – previa hipóteses e disciplinava normas dessa coexistência – necessária e pacífica. .
Remontando-se o Sertão da Montanha então – eis o maior repositório de doutrinas sociais em tese – muito mais consentâneas de que o Manifesto comunista de Marx.
As profundas transformações sociais, introduzidas pela Igreja Católica – por meios suasórios profíquos, é certamente o que enfurece ao Buchevismo, a respeito retardatário.
E a conseqüência vem sendo a sua fúria desenfreada sobre a Igreja.
Sempre que oportuno o sacrifício como vindita, os Padres católicos são as vítimas indefesas da sua tirania inominável.
A Igreja e a hodierna concepção dos tempos conciliam-se perfeitamente, na base da Filosofia de que se impregnar possa o homem possuído do puro instinto cristão, como pondera Jacquis Maritan.
Sr. Bispo Diocesano
Dom Gentil Diniz
Reverentes – aqui estão os cidadãos desta nova Paróquia – prestando a V. Excia a sua justa homenagem de gratidão – pelas messes colhidas da generosidade e da atenção com que por V. Excia foram tratados e resolvidos os problemas atinentes à criação desta Paróquia. Deus compensará a quem difundir os seus princípios e ampliar a sua Igreja.
É a mensagem de paz – candura e amor.
E o alvo é V. Excia.
Tenho dito.
Desembargador Licurgo Nunes
COMPONENTES DA COMISSÃO ENCARREGADA DE VIABILIZAR A INSTALAÇÃO DA PARÓQUIA DE MARCELINO VIEIRA:
Desembargador Licurgo Nunes
Pedro Nonato Fernandes
José Medeiros de Andrade
Manoel Vicente de Oliveira
José de Calazans Fernandes
Osmundo Alvarenga
Vicente Lopes Fernandes
Lupecínio Fernandes Queiróz